quinta-feira, 23 de dezembro de 2010




Agradecemos a todos pelas trocas, participações, apoios e contribuições à Actual Psicologia no ano de 2010. Esperamos que nossos caminhos continuem a se encontrar em 2011! 


terça-feira, 20 de julho de 2010


Não sou da área de MODA, nem de MARKETING... Talvez por isso não consiga entender por que a famosa M.A.C., em parceria com a grife de luxo Rodarte, lançou produtos pareando esmaltes e maquiagens com violência de gênero.


A nova linha foi “inspirada” na cidade de Juarez, no México, uma das mais violentas do país, com altos índices de assassinatos e estupros a jovens garotas, seguidos pelo descaso das autoridades policiais. Um dos esmaltes ganhou o nome da cidade, enquanto a campanha publicitária trazia imagens macabras de modelos parecendo mortas.

Divulgação. Retirada do OperaMundi.
A crítica foi tão intensa que a empresa canadense enviou ontem um comunicado internacional de desculpas e pensa em mudar o nome da coleção. Além, é claro, de tentar minimizar o problema prometendo doar parte das vendas aos familiares de vítimas de Juarez. Concordo com o blog Frisky no comentário abaixo:

“Ainda que doem para ajudar os familiares de vítimas de Juarez, é uma maneira estranha de sensibilizar as pessoas diante da violência contra a mulher. O próximo batom deles vai se chamar Bergen-Belsen [um dos campos de concentração nazista]?”

 
E de pensar que é esta mesma maquiagem que muitas vezes é usada para disfarçar a violência doméstica e de gênero...

Bianca Alfano

 

sábado, 15 de maio de 2010

VOCÊ NÃO É UMA "SINGLE LADIE"

Na disciplina Gênero, Subjetividade e Biopolítica, no programa de Saúde Coletiva do IMS/UERJ, debatemos sobre como normas de gênero e contingências sociais (em geral aversivas) constituem nossas subjetividades. A partir do sexo biológico, regras de como se comportar, de como pensar, de como interagir são estipuladas e mantidas ao longo de toda a nossa vida, em geral por contingências bastante aversivas, com muito reforçamento negativo e punição.


O gostar de ROSA continua sendo reforçado positivamente quando demonstrado por meninas, mas fortemente punido se vindo de um garoto. Adoro um exemplo familiar que traz essa questão: eu estava brincando com dois priminhos (a menina de 5 anos e o menino de 3, na época), com outros dois coleguinhas. Quiseram ver o que tinha na minha bolsa, e entre as “mil bugigangas” que eu carregada (alguns já diriam: “coisa de mulher”), havia um batom. Brincávamos de teatro e perguntei quem gostaria de passá-lo. Imediatamente, as duas meninas levantaram a mão. Meu priminho de 3 anos e o outro garoto ficaram olhando, olhando, sem nada dizer. Eu falei que poderiam experimentar, pois no teatro os atores usam maquiagem. Foi então que o pequeno sorriu e se animou dizendo: “você tem batom azul?” Para ele, a “coisa de mulher” não era apenas o batom, mas também a “cor do batom”.

Muitas vezes não discriminamos essas contingências, como no caso do vídeo abaixo.


Se por um lado o pai queria explicar ao filho que ele não era uma “single ladie” (mulher solteira), por outro puniu a felicidade com que este dançava a música da Beyoncé junto das irmãs no banco de trás do carro. E estas situações são repetidas cotidianamente, mesmo sem “a intenção de”. É comovente ver o choro sentido do garotinho em não poder ser uma “single ladie”, a solidariedade das irmãs, a tentativa do pai em reverter a situação...

Esse vídeo me fez lembrar filmes lindos que debatem subjetividade e normas de gênero, como “Minha vida em cor de rosa”, “Transamérica”, “XXY”... Recomendo!

Bianca Alfano

sexta-feira, 7 de maio de 2010

RELAÇÕES INTERPESSOAIS E ASSERTIVIDADE

Muitos de nós já passamos por situações em que temos que negar um pedido, expor nossa opinião, receber um elogio, fazer uma crítica, e o mais difícil de tudo, receber uma crítica!

Em convívio social, desenvolvemos inúmeras relações interpessoais em que nossas habilidades sociais são postas a prova. Dada a característica dinâmica destas relações, é difícil contarmos com regras de bom relacionamento interpessoal que não estejam sujeitas à mudança.

Mesmo sem contar com regras, podemos nos comportar apropriadamente, no momento correto, de acordo com a situação, garantindo nossos direitos interpessoais e os do interlocutor. Isto quer dizer que ao invés de comportarmo-nos passivamente ao emprestar algo que não queríamos, ou comportarmo-nos agressivamente gritando com quem faz o pedido, podemos nos comportar dizendo: Eu não quero emprestar, por tais motivos. Sem grito, com tom de voz tranqüilo, porém firme, sem aperto no peito, ou tremer as pernas. Garantindo seu direito de dizer não, do mesmo modo que seu interlocutor garantiu o dele de fazer um pedido.

O comportamento assertivo é mais adequado e reforçador que outros estilos de comportamento (agressivo ou passivo), pois permite a expressão de sentimentos e, freqüentemente, atinge os objetivos de quem se comporta, afetando positivamente os demais e gerando uma sensação de conforto e relaxamento, consigo e com outros.

Lendo esta descrição, pode parecer impossível comportar-se assertivamente em todas as situações interpessoais do dia a dia. A boa notícia é que este tipo de comportamento pode ser aprendido e pode tornar-se mais freqüente em programas de treinamento de habilidades sociais (THS), desenvolvidos por psicólogos para promoverem a assertividade, competência social, empatia, entre outros comportamentos que melhoram a qualidade de vida.

Mariana Garcia

segunda-feira, 12 de abril de 2010

DESCREVENDO CONTINGÊNCIAS

Recebi este vídeo hoje de uma amiga psicóloga... Lu, adorei!



Impressionante a clareza com que a criança descreve toda a contingência... de como seus carrinhos foram parar atrás do sofá, de como ela própria foi parar lá, de como precisa de ajuda para sair e, depois, de como os carrinhos também poderão ser "salvos".

A criança é muito fofa! Inicialmente pede ajuda, mas não quer contar como ficou presa, talvez por medo de levar bronca e não ser "salva". Os pais não se desesperaram e, aparentemente, deixam o filho aprender com seus acertos... e erros. Só depois que o pai pergunta se a criança não quer sair de lá, esclarecendo que esta seria a consequência por contar sua proeza, ela decide esclarecer "tim-tim por tim-tim". Mas realmente não sabe como sair... por isso o início de choro quando a mãe pergunta "como vamos tirá-lo daí".

"Socorro! Vocês adultos devem saber o que fazer numa hora dessas!" Mas daí a ter que prometer nunca mais fazer o mesmo, sem ao menos tentar se livrar dessa promessa? "Help! I'm sinking" (Socorro, estou afundando!)

E ainda agradece!!!! Que fofo!

Bianca Alfano

quinta-feira, 1 de abril de 2010

2 de abril - Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Declarada pela ONU em dezembro de 2007, a data tem o objetivo de aumentar a divulgação do transtorno, apoiar o diagnóstico e a intervenção precoces. Estima-se que o autismo e os transtornos do espectro do autismo afetem 1 em cada 110 pessoas no mundo.

Em 1988, o filme Rain Main trouxe às telas mundiais o papel de Raymond Babbitt, protagonizado por Dustin Hoffman, um autista adulto com grande capacidade de memorizar e fazer contas. A maioria das pessoas com autismo enfrenta muita dificuldade para adaptar-se ao mundo social e desenvolver habilidades como a linguagem e o pensamento, por exemplo.

Sua etiologia não é conhecida e seus quadros clínicos são diversos, variando entre crianças que falam e não falam, com altas habilidades cognitivas e retardo mental associado, entre outros. Em geral, os sintomas se apresentam na infância e pessoas diagnosticadas autistas convivem com o transtorno por toda a vida.

Além do autismo, os transtornos de Asperger, Rett, Desintegrativo da Infância e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação estão incluídos nos Transtornos do Espectro do Autismo.


O LAÇO
A campanha de conscientização do autismo tem o laço de quebra-cabeça como símbolo do mistério e da complexidade do espectro do transtorno. As diferentes cores e formas representam a diversidade das pessoas e famílias vivendo com autismo. Seu brilho reflete a esperança de que por meio da conscientização do autismo, da intervenção precoce e de tratamentos adequados, pessoas com autismo poderão ter uma vida mais completa.


No dia 2 de abril... INFORME-SE sobre o autismo e DIVULGUE a campanha de conscientização entre seus amigos e familiares. Não deixe de ver as dicas de filmes e leituras no blog sobre o transtorno!

Mariana Garcia

segunda-feira, 29 de março de 2010

Medo, NÃO MAIS!


Finalmente, Ricky Martin saiu do armário! E com uma declaração emocionante, que mistura a dor de se viver em um mundo homofóbico, e a delícia de poder ser quem se é... Nada melhor do que música, um de seus reforçadores mais poderosos, aqui cantada por Caetano Veloso, para falar sobre a homossexualidade de RM.

“La música, el espectáculo, el aplauso, estar frente a un publico me hace sentir que soy capaz de cualquier cosa.”

A homofobia, caracterizada por comportamentos de ódio, discriminação e preconceito às pessoas com orientação diferente da heterossexual, diz respeito a todos nós que temos o anseio por uma sociedade livre de discriminações e preconceitos. Qual o seu papel na modificação de contingências aversivas, homofóbicas, que instalam o medo e impedem que milhares de pessoas vivam felizes, como cidadãs plenas? Esta é uma pergunta que, constantemente, fazemos a nós mesmas!

Bianca Alfano

sexta-feira, 26 de março de 2010

E haja autocontrole...

Quem nunca esteve diante de um delicioso bolo de chocolate... ou de um pão quentinho recém chegado da padaria... ou mesmo de uma cerveja bem gelada num dia de verão ...
E teve que manter o autocontrole para não “cair em tentação”?


Pois é, parece que este autocontrole tem se tornado mais difícil a cada dia, enquanto as tentações têm invadido até mesmo a mesa da “Última Ceia”, famosa imagem religiosa que retrata a última refeição feita por Jesus e seus apóstolos. Segundo pesquisadores americanos, os tamanhos dos pães, dos pratos, das taças de vinho e da refeição principal aumentaram em até dois terços nos últimos séculos.

Se nos últimos mil anos aumentaram dramaticamente a produção, a disponibilidade e o acesso aos alimentos, também aumentou a exigência por autocontrole diante desta fartura toda. A variabilidade aumentou, mas as escolhas devem ser “as mais saudáveis possíveis”; os pratos estão maiores, mas as porções devem ser menores se quisermos manter padrões de beleza e saúde. Devemos vigiar mais nossos corpos, decidindo nossas dietas sob controle de reforçadores sociais imediatos (muitas vezes deixamos de comer algo para recebermos um elogio, ou mesmo para evitarmos a bronca do outro) e/ou conseqüências em geral atrasadas (termos uma saúde melhor ou estarmos no nosso “peso ideal”).

Mas será que basta ter “força de vontade”, “persistência”, “vergonha na cara” para se ter autocontrole? Não, não se trata de olharmos para o “interior” ou “desejo” dos indivíduos, mas sim para suas relações com o mundo em que vive, para suas redes sociais, para as contingências nas quais os alimentos ou eventos nos quais eles estão presentes são reforçadores.

As mudanças nas pinturas da “Última Ceia” revelaram variáveis culturais importantes para entendermos melhor o autocontrole. Ficamos cada vez mais expostos à comida, presentes em situações também reforçadoras: comemos pipoca assistindo a filmes, tomamos choppinho na conversa com amigos, comemos bolachas com chá (podem ser biscoitos) na visita à vovó, e por aí vai. Cotidianamente, temos que decidir entre sacrificarmos prazeres imediatos em prol de um bem maior remoto (para nós mesmos e para a coletividade). E essa decisão depende de muitas variáveis da história de vida individual de cada um e de suas contingências culturais (já imaginaram como seria o filme Super Size Me no Japão, com sushis e sashimis?). Mas este já é um assunto para outro post.

Bianca Alfano

quarta-feira, 24 de março de 2010

O X da questão


Recentemente, a revista Forbes divulgou a lista das pessoas mais ricas do mundo. Entre os 10 primeiros mais ricos figura o empresário Eike Baptista, em 8º. lugar. Além de bem sucedido, incansável e disciplinado trabalhador, poderíamos dizer que o empresário é “supersticioso”, isto por colocar a letra X no nome de cada empresa que funda. Segundo ele, o X representa a multiplicação e acelera a criação da riqueza.

É curioso ver que alguém tão bem sucedido possa ter um comportamento supersticioso, pois em geral os homens de negócios são vistos como racionais e desligados de superstições ou comportamentos ditos irracionais. E agora, questionamos a regra ou sua exceção? Melhor seria questionar tanto uma quanto a outra!

Mas de onde surgem os comportamentos supersticiosos? E por que existem? Eike Batista dedica muitas horas de sua vida ao trabalho, é um desbravador em negócios no Brasil e realizador de projetos ambiciosos e desafiadores. As características de seus empreendimentos implicam em pouco conhecimento das variáveis envolvidas. Tais contingências, mesmo com planejamento de ações e uma equipe de trabalho extremamente capaz de minimizar as chances de fracasso (conseqüências aversivas), podem gerar sentimentos de insegurança, incerteza, medo, ansiedade. O investimento é muito alto, com chances de obter conseqüências positivamente (sucesso) ou negativamente reforçadoras (fracasso).

Neste contexto, um comportamento supersticioso pode ter a função de modificar contingências internas (ou eventos privados), tais como sentimentos de ansiedade, insegurança e incerteza. Por exemplo, colocar o X no nome da empresa pode trazer tranqüilidade, mesmo diante de tantas incertezas, pois Eike estaria fazendo “a sua parte”, dando “a sua contribuição para a sorte”. Tem aqueles que colocam sal grosso atrás da porta, que fazem figa, que comem romã e lentilha na virada do ano (e de preferência ainda pulam 7 ondas no mar...) para se sentirem mais confiantes.

Ainda que as conseqüências destes comportamentos supersticiosos não afetem a probabilidade de sucesso em empreendimentos, de uma planta perder sua vitalidade, de um time de futebol fazer gols ou de alguém encontrar o amor da sua vida, eles continuarão a existir por trazerem uma sensação de “missão cumprida” no lugar de sentimentos desconfortáveis. E principalmente por estarem sendo reforçados acidentalmente, na medida em que acompanham outros comportamentos que, efetivamente, produzem as necessárias modificações no mundo para que os objetivos sejam alcançados. Todo dia 29 pode-se colocar um dólar em baixo de um prato de gnocchi, mas ninguém fica os demais dias do mês sem trabalhar, esperando que a sorte apareça. Será que Eike se tornou o 8º bilionário do mundo por causa do X, ou por outras contingências de reforçamento? Provavelmente, dificilmente colocaremos em Xeque o X da questão, pois “em time que está ganhando não se meXe”, é isso mesmo?


"I'm a great believer in luck, and I find the harder I work, the more I have of it."
(“Acredito muito na sorte e percebo que quanto mais trabalho, mais sorte tenho.”)
Frase atribuída a Thomas Jefferson

Mariana Garcia

segunda-feira, 8 de março de 2010

E o OSCAR vai para...Kathryn Bigelow

Nas primeiras horas do Dia Internacional da Mulher, a Academia Americana de Filmes Artes e Ciências anunciava mais uma razão para celebrar a data. Pela primeira vez na história dos 82 anos do prêmio OSCAR® uma mulher venceu na categoria de melhor direção! Barbra Streisand, também diretora de cinema, apresentou a vencedora com a frase: “Era chegada a hora”. Sim, era chegada a hora de uma mulher vencer em uma categoria dominada por indicações masculinas.

O nome da vencedora é Kathryn Bigelow, a quarta mulher a ser indicada na categoria de melhor direção. E suas realizações na noite passada não pararam por aí. O filme dirigido por ela, Guerra ao Terror, levou o prêmio de melhor filme e foi o grande vencedor da noite, totalizando 6 estatuetas, o dobro das conseguidas por Avatar, segundo colocado na premiação e dirigido por James Cameron, ex-marido de Bigelow.

Mas nem sempre o dia 8 de março começou com uma história de sucesso como esta, que simboliza a autonomia, profissionalismo e reconhecimento do trabalho da mulher.

História do dia 8 de março
No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, da mesma Nova York em que Kathryn Bigelow estudou cinema, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem a estas mulheres. E apenas em 1975 a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objetivo da Data
A comemoração não é o único objetivo! O debate sobre o papel da mulher na sociedade é permanentemente necessário, como esforço para diminuir e, quem sabe um dia, acabar com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, muitas ainda sofrem com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito ainda há para ser modificado na história.

E as Mulheres Brasileiras?
Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino! As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo. Algo importante a ser relembrado em ano eleitoral!