sábado, 15 de maio de 2010

VOCÊ NÃO É UMA "SINGLE LADIE"

Na disciplina Gênero, Subjetividade e Biopolítica, no programa de Saúde Coletiva do IMS/UERJ, debatemos sobre como normas de gênero e contingências sociais (em geral aversivas) constituem nossas subjetividades. A partir do sexo biológico, regras de como se comportar, de como pensar, de como interagir são estipuladas e mantidas ao longo de toda a nossa vida, em geral por contingências bastante aversivas, com muito reforçamento negativo e punição.


O gostar de ROSA continua sendo reforçado positivamente quando demonstrado por meninas, mas fortemente punido se vindo de um garoto. Adoro um exemplo familiar que traz essa questão: eu estava brincando com dois priminhos (a menina de 5 anos e o menino de 3, na época), com outros dois coleguinhas. Quiseram ver o que tinha na minha bolsa, e entre as “mil bugigangas” que eu carregada (alguns já diriam: “coisa de mulher”), havia um batom. Brincávamos de teatro e perguntei quem gostaria de passá-lo. Imediatamente, as duas meninas levantaram a mão. Meu priminho de 3 anos e o outro garoto ficaram olhando, olhando, sem nada dizer. Eu falei que poderiam experimentar, pois no teatro os atores usam maquiagem. Foi então que o pequeno sorriu e se animou dizendo: “você tem batom azul?” Para ele, a “coisa de mulher” não era apenas o batom, mas também a “cor do batom”.

Muitas vezes não discriminamos essas contingências, como no caso do vídeo abaixo.


Se por um lado o pai queria explicar ao filho que ele não era uma “single ladie” (mulher solteira), por outro puniu a felicidade com que este dançava a música da Beyoncé junto das irmãs no banco de trás do carro. E estas situações são repetidas cotidianamente, mesmo sem “a intenção de”. É comovente ver o choro sentido do garotinho em não poder ser uma “single ladie”, a solidariedade das irmãs, a tentativa do pai em reverter a situação...

Esse vídeo me fez lembrar filmes lindos que debatem subjetividade e normas de gênero, como “Minha vida em cor de rosa”, “Transamérica”, “XXY”... Recomendo!

Bianca Alfano

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