segunda-feira, 29 de março de 2010

Medo, NÃO MAIS!


Finalmente, Ricky Martin saiu do armário! E com uma declaração emocionante, que mistura a dor de se viver em um mundo homofóbico, e a delícia de poder ser quem se é... Nada melhor do que música, um de seus reforçadores mais poderosos, aqui cantada por Caetano Veloso, para falar sobre a homossexualidade de RM.

“La música, el espectáculo, el aplauso, estar frente a un publico me hace sentir que soy capaz de cualquier cosa.”

A homofobia, caracterizada por comportamentos de ódio, discriminação e preconceito às pessoas com orientação diferente da heterossexual, diz respeito a todos nós que temos o anseio por uma sociedade livre de discriminações e preconceitos. Qual o seu papel na modificação de contingências aversivas, homofóbicas, que instalam o medo e impedem que milhares de pessoas vivam felizes, como cidadãs plenas? Esta é uma pergunta que, constantemente, fazemos a nós mesmas!

Bianca Alfano

sexta-feira, 26 de março de 2010

E haja autocontrole...

Quem nunca esteve diante de um delicioso bolo de chocolate... ou de um pão quentinho recém chegado da padaria... ou mesmo de uma cerveja bem gelada num dia de verão ...
E teve que manter o autocontrole para não “cair em tentação”?


Pois é, parece que este autocontrole tem se tornado mais difícil a cada dia, enquanto as tentações têm invadido até mesmo a mesa da “Última Ceia”, famosa imagem religiosa que retrata a última refeição feita por Jesus e seus apóstolos. Segundo pesquisadores americanos, os tamanhos dos pães, dos pratos, das taças de vinho e da refeição principal aumentaram em até dois terços nos últimos séculos.

Se nos últimos mil anos aumentaram dramaticamente a produção, a disponibilidade e o acesso aos alimentos, também aumentou a exigência por autocontrole diante desta fartura toda. A variabilidade aumentou, mas as escolhas devem ser “as mais saudáveis possíveis”; os pratos estão maiores, mas as porções devem ser menores se quisermos manter padrões de beleza e saúde. Devemos vigiar mais nossos corpos, decidindo nossas dietas sob controle de reforçadores sociais imediatos (muitas vezes deixamos de comer algo para recebermos um elogio, ou mesmo para evitarmos a bronca do outro) e/ou conseqüências em geral atrasadas (termos uma saúde melhor ou estarmos no nosso “peso ideal”).

Mas será que basta ter “força de vontade”, “persistência”, “vergonha na cara” para se ter autocontrole? Não, não se trata de olharmos para o “interior” ou “desejo” dos indivíduos, mas sim para suas relações com o mundo em que vive, para suas redes sociais, para as contingências nas quais os alimentos ou eventos nos quais eles estão presentes são reforçadores.

As mudanças nas pinturas da “Última Ceia” revelaram variáveis culturais importantes para entendermos melhor o autocontrole. Ficamos cada vez mais expostos à comida, presentes em situações também reforçadoras: comemos pipoca assistindo a filmes, tomamos choppinho na conversa com amigos, comemos bolachas com chá (podem ser biscoitos) na visita à vovó, e por aí vai. Cotidianamente, temos que decidir entre sacrificarmos prazeres imediatos em prol de um bem maior remoto (para nós mesmos e para a coletividade). E essa decisão depende de muitas variáveis da história de vida individual de cada um e de suas contingências culturais (já imaginaram como seria o filme Super Size Me no Japão, com sushis e sashimis?). Mas este já é um assunto para outro post.

Bianca Alfano

quarta-feira, 24 de março de 2010

O X da questão


Recentemente, a revista Forbes divulgou a lista das pessoas mais ricas do mundo. Entre os 10 primeiros mais ricos figura o empresário Eike Baptista, em 8º. lugar. Além de bem sucedido, incansável e disciplinado trabalhador, poderíamos dizer que o empresário é “supersticioso”, isto por colocar a letra X no nome de cada empresa que funda. Segundo ele, o X representa a multiplicação e acelera a criação da riqueza.

É curioso ver que alguém tão bem sucedido possa ter um comportamento supersticioso, pois em geral os homens de negócios são vistos como racionais e desligados de superstições ou comportamentos ditos irracionais. E agora, questionamos a regra ou sua exceção? Melhor seria questionar tanto uma quanto a outra!

Mas de onde surgem os comportamentos supersticiosos? E por que existem? Eike Batista dedica muitas horas de sua vida ao trabalho, é um desbravador em negócios no Brasil e realizador de projetos ambiciosos e desafiadores. As características de seus empreendimentos implicam em pouco conhecimento das variáveis envolvidas. Tais contingências, mesmo com planejamento de ações e uma equipe de trabalho extremamente capaz de minimizar as chances de fracasso (conseqüências aversivas), podem gerar sentimentos de insegurança, incerteza, medo, ansiedade. O investimento é muito alto, com chances de obter conseqüências positivamente (sucesso) ou negativamente reforçadoras (fracasso).

Neste contexto, um comportamento supersticioso pode ter a função de modificar contingências internas (ou eventos privados), tais como sentimentos de ansiedade, insegurança e incerteza. Por exemplo, colocar o X no nome da empresa pode trazer tranqüilidade, mesmo diante de tantas incertezas, pois Eike estaria fazendo “a sua parte”, dando “a sua contribuição para a sorte”. Tem aqueles que colocam sal grosso atrás da porta, que fazem figa, que comem romã e lentilha na virada do ano (e de preferência ainda pulam 7 ondas no mar...) para se sentirem mais confiantes.

Ainda que as conseqüências destes comportamentos supersticiosos não afetem a probabilidade de sucesso em empreendimentos, de uma planta perder sua vitalidade, de um time de futebol fazer gols ou de alguém encontrar o amor da sua vida, eles continuarão a existir por trazerem uma sensação de “missão cumprida” no lugar de sentimentos desconfortáveis. E principalmente por estarem sendo reforçados acidentalmente, na medida em que acompanham outros comportamentos que, efetivamente, produzem as necessárias modificações no mundo para que os objetivos sejam alcançados. Todo dia 29 pode-se colocar um dólar em baixo de um prato de gnocchi, mas ninguém fica os demais dias do mês sem trabalhar, esperando que a sorte apareça. Será que Eike se tornou o 8º bilionário do mundo por causa do X, ou por outras contingências de reforçamento? Provavelmente, dificilmente colocaremos em Xeque o X da questão, pois “em time que está ganhando não se meXe”, é isso mesmo?


"I'm a great believer in luck, and I find the harder I work, the more I have of it."
(“Acredito muito na sorte e percebo que quanto mais trabalho, mais sorte tenho.”)
Frase atribuída a Thomas Jefferson

Mariana Garcia

segunda-feira, 8 de março de 2010

E o OSCAR vai para...Kathryn Bigelow

Nas primeiras horas do Dia Internacional da Mulher, a Academia Americana de Filmes Artes e Ciências anunciava mais uma razão para celebrar a data. Pela primeira vez na história dos 82 anos do prêmio OSCAR® uma mulher venceu na categoria de melhor direção! Barbra Streisand, também diretora de cinema, apresentou a vencedora com a frase: “Era chegada a hora”. Sim, era chegada a hora de uma mulher vencer em uma categoria dominada por indicações masculinas.

O nome da vencedora é Kathryn Bigelow, a quarta mulher a ser indicada na categoria de melhor direção. E suas realizações na noite passada não pararam por aí. O filme dirigido por ela, Guerra ao Terror, levou o prêmio de melhor filme e foi o grande vencedor da noite, totalizando 6 estatuetas, o dobro das conseguidas por Avatar, segundo colocado na premiação e dirigido por James Cameron, ex-marido de Bigelow.

Mas nem sempre o dia 8 de março começou com uma história de sucesso como esta, que simboliza a autonomia, profissionalismo e reconhecimento do trabalho da mulher.

História do dia 8 de março
No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, da mesma Nova York em que Kathryn Bigelow estudou cinema, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem a estas mulheres. E apenas em 1975 a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objetivo da Data
A comemoração não é o único objetivo! O debate sobre o papel da mulher na sociedade é permanentemente necessário, como esforço para diminuir e, quem sabe um dia, acabar com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, muitas ainda sofrem com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito ainda há para ser modificado na história.

E as Mulheres Brasileiras?
Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino! As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo. Algo importante a ser relembrado em ano eleitoral!